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sexta-feira, 29 de julho de 2011

O estrago que a droga faz - alguns não acreditam!

Na queda de braço, ou melhor, na guerra entre a maior revelação da última década da música pop (“a maior cantora do século 21”, de acordo com Nelson Motta), Amy Winehouse e a droga, infelizmente, venceu a droga. A taça ficou com a “dependência química”. Os mesmos destinos trágicos tiveram os jovens artistas: Brian Jones, Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, entre outros (folha de S. Paulo, A15, de 24.7.11), inclusive, alguns brasileiros, entre eles, Cazuza. O pior é que, o artista, o ser humano se foi, mas a droga permanece ovacionada por muitos. Uma verdadeira inversão de valores. Parece que a fama e a droga não se compatibilizam, mas, negativamente, acabam dando liga. Juntas, elas acabam arrasando, destruindo o ser humano. Ao que tudo indica, e por conta dos abusos de droga e álcool, Amy não suportou o peso da fama e sucumbiu.
Esses fatos revelam, com clareza, que os males causados pelas drogas deixaram de ser uma mera discussão acadêmica há muito tempo e passaram a fazer parte do cotidiano, exigindo-se uma abordagem mais profunda. É a vida, a saúde do ser humano e a desestruturação familiar e social que estão em jogo.
Até mesmo a maconha, considerada uma das drogas mais leves, empiricamente tem demonstrado o arraso que faz em face dos seus usuários e do contexto familiar em que estão inseridos. Particularmente conheço pessoas – com quem convivi muito próximo na juventude – que foram destruídas pela maconha. Meninos normais que de repente foram sucumbidos pela maldita droga.
Não obstante, muitos insistem em afirmar que a droga, em especial a maconha, não traz nenhum mal ao usuário. Contestam, inclusive, o seu potencial de dependência.
Infelizmente, o debate relacionado com o uso de drogas, guardando as suas peculiaridades, guarda muita semelhança com a velha e arcaica discussão sobre “direita e esquerda”. Na época, quem defendia a opção ideológica de esquerda tinha um poder de persuasão bem maior do que os defensores do outro extremo. O quadro é semelhante em relação ao usuário de drogas. Os que defendem sua liberação total, contestando os seus efeitos malignos, em muitos momentos, têm se sobrepostos em relação aos que procuram destacar os seus malefícios. Isso indica também o caráter ideológico desse embate.
O debate a partir da iniciativa da Secretaria Municipal de Assistência Social da cidade do Rio de Janeiro, respaldada pelo Poder Judiciário, de recolher e internar compulsoriamente crianças e adolescentes envolvidos com drogas para tratamento, revela, com clareza, a extensão do quadro relacionado com o usuário químico.
O ideal é que o tratamento fosse voluntário, por opção própria. Contudo, como destaca o juiz da infância e da adolescência da comarca de Campo Grande-MS, Dr. Danilo Borin, o menor dependente químico está com a sua vontade totalmente comprometida, o que o impede de se autoderminar. Com isso, é autorizado ao Estado interferir para evitar um mal maior, que é a destruição ou a própria morte do usuário ainda na sua juventude, como ocorreu com Amy ao 27 anos de idade. Não há dúvida de que existe aqui um conflito de dois valores: vida/saúde x liberdade. O que deve prevalecer, sempre, é a defesa do bem maior.
A propósito, é bem vinda a iniciativa da Câmara dos Deputados de criar uma lei para disciplinar e tornar obrigatório o tratamento especial ao adolescente dependente químico.
Compartilho da idéia de que a cadeia não é para o viciado. Entretanto, defendo a necessidade de medidas que visem a proibir o vício, ainda que isso signifique tratar compulsoriamente os dependentes químicos.
A nossa lei de drogas em vigor, conquanto não permita a prisão do viciado, estabelece outras modalidades de medidas punitivas, que, se bem aplicadas e fiscalizadas, evitam a liberação total do vício.
O importante, a partir da idéia de que a droga é uma droga, é encontrar um meio termo para que o Estado controle esse mal, sem que seja necessário lançar mão da pena de prisão. A experiência tem demonstrado que o radicalismo, seja por meio da prisão ou da liberação total, não é o melhor caminho para tentar controlar o vício, um dos maiores males destes dois últimos séculos.
A droga, de fato, é uma droga!

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